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11 de junho de 2015, quinta-feira

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Tem momentos da vida que não pensamos. Na verdade, pensamos sim, só que por uma fração de segundo. E nem sempre é a coisa certa a fazer. Digamos que 90% das vezes. O que eu fiz está nos 10% não inclusos. Okay, vamos voltar um pouco no tempo. 
2 de junho de 2015, terça-feira.
Eu estava voltando da aula de robótica tranquilamente, quando ouvi algumas coisas perto do bebedor. Eu resolvi fuçar - é da natureza feminina ser curiosa. Chegando mais perto, ouvi:
-- Me larga, Paulo! -- era Letícia, uma das minhas melhores amigas. Ela não me viu, nem o menino. Não sei se por sorte ou azar. Ela estava encostada na parede, enquanto ele ficava na sua frente, meio que a agarrando. Letícia tentava se desvencilhar, mas o guri é muito forte. 
-- Por favor, Letícia, por favor! -- ela meio que sussurrava.
-- Não! Não entendeu, não?! Eu não quero. -- ênfase no não. -- E você sabe porque! Você teve sua chance, quero mais que você se foda!
Nessa hora, lembro de ver a expressão de Paulo mudar rapidamente.
-- Tanto faz. -- ele falou, amargo. -- Mas eu ainda vou ver você comendo na minha mão.
-- Não, Paulo, nunca verá. -- o tom era raivoso.
-- Você será minha de qualquer jeito! -- sim, ele sussurrou, mas percebi uma certa exclamação na fala dele.
Nessa hora Paulo apertou a bunda dela com força e tentou fazer coisas. Letícia empurrou ele com toda força que tinha e esbravejou:
-- QUE NOJENTO, PORRA! POR ISSO, TÁ VENDO? EU TE ODEIO! MORRA, PAULO! 
-- Calma, calma, que nem começamos! -- ele riu. A mão dele estava entrando na camisa dela. 
Mas eu, como salvadora da pátria, intervir:
-- QUE PORRA É ESSA?! -- gritei, tentando não fazer barulho.
Paulo se virou pra mim com rapidez e fez uma expressão indiferente. 
-- Alice! -- estava sorrindo maliciosamente -- Chegou na hora, hein?
-- Não me toque, seu nojento! -- falei, ríspida. 
-- Ah, Alice, você sempre me interessou, sabia? -- Paulo ia se aproximava e eu não conseguia pensar no que faria. 
-- Não se aproxime. Nenhum. Um. Passo. -- foi tudo que conseguir falar. 
Paulo me olhou com desdém e deu uma risada forçada. Pode parecer clichê, ou cena de filme, mas aconteceu. Ele andou e encostou aqueles dedos nojentos na minha. bunda. Eu só consegui pensar em uma coisa: você é um homem morto. Agarrei ele pela camisa e derrubei-o. Quando ele caiu, me sentei por cima dele e comecei a socá-lo dizendo qcoisa que nem lembro mais.  Só sei que bati nele com tanta força, que fiz o nariz dele sangrar. "Mas ele só pegou na sua bunda, Alice!". Só na minha?! SÓ NA MINHA? Vocês querem a lista cronólogica ou alfabética com quem ele fez isso? Quando ele fez isso comigo, foi a gota d'água. 
Aí o monitor chegou e afastou a gente -- mas isso só depois daquele circulozinho ter se formado. Resultado: coordenação. Eu expliquei tudo ao coordenador calmamente. (Sim, sem ironia, não perdi a cabeça, diferente do Paulo). Então, no finalzinho da conversa foi mais ou menos:
-- Olha, Alice, como você é uma menina boa, inteligente e presidente da classe ou não vou te dar uma punição tão grande. -- concordei com a cabeça, entre uma piscada e outra. -- Mas quero que ao menos se desculpe com Paulo, aí eu posso até tirar sua punição.
Ele fez um gesto mandando eu fazer isso. Me virei e encarei o Paulo. Estava com uma cara horrível e tinha um hematoma gigante no rosto, provavelmente provocado por mim. (Sem contar o nariz). 
-- Não. -- falei. 
-- Ahn? -- o coordenador não entendeu.
-- Não vou pedir desculpas. -- respondi, num tom de desafio.
-- Ah, vamos lá. Não seja orgulhosa, Alice. Eu sei que você não é! -- o homem sorriu.
-- É, não seja orgulhosa, Alice. -- sorriu Paulo, me desafiando.
-- Não. -- falei, irritada. -- Não sou orgulhosa, mas meus pais também ensinaram a não mentir.
O coordenador suspirou.
-- Sinto que fiz algo que manchou minha imagem, mas não estou arrependida. Justiça com as próprias mãos é errado, eu sei, mas o Paulo teve o que merecia. Minha consciência não está pesada e prefiro que seja assim mesmo. Me puna, Fulano, pode me punir. -- disse isso na maior frieza possível, que deixou os dois boquiabertos.
-- Olha, Alice...
-- Não, fulano, é isso mesmo.
O homem suspirou e ditou nossas sentenças:
-- Sendo assim, Alice, você ficará de suspensão, mas não agora. Considerando seu ótimo histórico, te salvarei um pouco. Você fará o simulado, mas na próxima semana, ficará em casa. E na semana de provas virá apenas para fazer a prova. Vai assistir o resto das aulas normalmente hoje. -- ele se virou para Paulo. -- E você, Paulo, fique longe deste colégio durante as próximas duas semanas. Junte suas coisas e vou ligar para sua mãe, para ir pra casa. Com simulado, mas sem provas. 
Quando saímos, Paulo olhou para mim e falou:
-- Eu te amaria por sua coragem, mas lembro que foi comigo. 
-- Paulo, já disse que te odeio? -- respondi, indiferente. 
Quando chegamos, o professor de Matemática me encarou. Na verdade, todo mundo me encarou. Eu assisti a aula normalmente, mas não conseguia tirar aqueles momentos com o Paulo. (Okay, essa frase ficou super estranha, mas...). Ele foi embora sem dizer um piu.
Aí o sinal tocou. Uma revoada de alunos cercaram-se em frente à mim. A maioria meio que me idolatrava -- sem querer me gabar. Letícia foi a que mais me agradeceu e me "amou". Quando pus o pé para fora da sala, parecia ser uma celebridade. Uns papparazzis doidos para me "entrevistar", Resultado? Minha fama de nerd fofa "descolada" mudou de repente para nerd-descolada-menina-que-bateu-no-menino-mais-forte-do-oitavo-ano-muito-durona
Quando cheguei em casa, minha mãe e meu pai já sabiam e adivinhem!!! Mandaram o Paulo se foder. Ou seja: também me idolatraram. Fui super bem no simulado e blábláblá.
Esse post foi um pouco grande, me desculpem e também me desculpem por nunca mais ter postado. 

25 de abril de 2015, sábado

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*tamanho novo*

Quantas vezes por dia nós falamos mal das pessoas? Quantas vezes por dia nós falamos mal da nossa família? Quantas vezes por dia nós brigamos com nossa mãe? E, quantas vezes na vida nós queremos sumir? Nós queremos quebrar tudo? Nós queremos vingança? Nós dizemos que odiamos nossa vida, família? E quantas vezes terminamos amizades por coisas idiotas? Falamos coisas idiotas, por causa da raiva? Não vou mentir, fazia muito isso. Até eu começar a ser racional. Quando estou com raiva, simplesmente não saio quebrando tudo, dizendo que me odeio. Eu não deixo a raiva ficar no controle. Respiro, conto até três e relembro tudo de bom. Aí ela vai embora. 
Não podemos a deixar a ira tomar conta de nós, quando ela chega. Sejamos fortes o bastante para não falarmos coisas horríveis, da boca para fora, porque elas podem ferir e nunca cicatrizar. Como eu. Faz umas duas semanas, uma menina que eu achava ser minha amiga falou coisas horrorosas sobre mim na frente de todos. Eu não fiquei brava não. Deixei ela se ferrar e zoei respondendo ela. No fim, ela veio pedir desculpas para mim. Okay, eu desculpei, mas não consigo tirar da cabeça o que ela disse quando a vejo. 
Quando estou brava, penso duas vezes - mais do que quando estou feliz - e vejo se aquilo seria o certo a fazer. Orgulho é algo que eu definitivamente não tenho. Eu sei que as pessoas não são eternas, nem tampouco descartáveis. E vocês devem saber isso também. 

Esses posts estão terminando tão rápido, não acham? Estou com um bloqueio horrível, sério!

Lembranças - 24 de abril de 2015, sexta-feira

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   Lembro-me de tudo. Da mesa 6 que estávamos sentados. Dos móveis rústicos da cafeteria. Dos seus olhos azuis gelado. De como os seus cabelos pretos estavam amarrados em trança. Lembro-me também de tua roupa: um vestido rosa com detalhes finos de flores, o meu favorito. De teu pingente de coração folheado à ouro. De teu cheiro de rosas - talvez um perfume que te dei. De como teu rosto mudou de tom ao encarar meus olhos. De como tentava falar-me, mas não encontrava forças. De quando respirou fundo e prendeu o choro. De seu tom de voz atônito ao me falar. De como suei frio quando ouvi a notícia. De como, a partir de então, não consegui dormir direito. Lembro-me de você tentando tranquilizar-me. De chorar todos os dias, até minha cabeça doer.
   Lembro-me de vê-la perdendo os cabelos. De apertar minha mão forte todos os dias. Do número do teu quarto: 308. De sua bata hospitalar limpíssima. Lembro-me de olhar fundo nos seus olhos e vê-los quase sangrar de dor. De mentir-me, dizendo-me que estava bem. Das inúmeras vezes em que desejou um cupcake ou um bolo. Lembro-me de você enxugando minhas lágrimas. De suas tentativas parecer forte - mas você nunca foi uma boa atriz. De nós dançando juntos uma música inexistente em frente à sua maca. De sua consistente frase: "não vamos tirar foto aqui. É apenas uma fase e não vou querer lembrar quando melhorar". Do médico dando-me notícias, uma pior do quê a outra. Lembro-me da imensa tristeza que tomou conta de mim naqueles dias. Dos livros que liamos juntos na maca. Dos risos que ainda conseguíamos trocar. Dos poucos beijos e abraços que damos, um no outro, quando você ainda tinha forças. 
   Lembro-me daquele dia. Da recepção totalmente branca pintada de gente. De entrar suando frio. Do médico falar em tom triste uma notícia pior ainda. De ver-te na maca. De sentir-me impotente de curá-la. De chorar. De observar-te dormindo tranquilamente. De acariciar teu rosto angelical cansado. De meu soluço ter acordado-te. De ver-te sorrindo infantilmente. De teus olhos azuis quase sem vida. De tua boca serena. Do tubo ajudando-te a respirar. Lembro-me de termos trocado poucas e eternas palavras. De eu não conseguir falar por somente chorar. De tu não conseguir falar por não conseguir. Da tua eterna frase: "eu vou melhorar". Da tua última citação: "eu te amo". Do médico avisando que o tempo havia acabado. De sair dali com o coração na mão. Das pessoas me olhando como se fosse uma aberração. De limpar meus olhos no carro. Lembro-me de gritar comigo mesmo coisas. De continuar a chorar. De quebrar várias coisas. De dormir no sofá, de tanto chorar. 
   Lembro-me de acordar naquele dia com saudades tua. De respirar fundo. De ir me arrumar já para ir te ver, mesmo sem ser o horário. De mandar um "eu te amo" sincero pelo celular. Do celular tocando. De pegá-lo e ver o nome da tua mãe. De suar frio. De fechar os olhos e ter ver na mente. De fazer uma das piores coisas que já fiz: aceitar a chamada. De ouvir a voz da minha sogra soluçando. Da terrível mensagem. Das minhas pernas tremerem. De cair no chão. De chorar até não poder mais. 
   Lembro-me de teu rosto angelical rodeado de flores, margaridas, como pediu. De falar contigo, na esperança de acordar. De agarrar a tua mão. De minhas lágrimas caindo sobre você. De sua pele macia e fria. De tuas pálpebras, impedindo-me de ver uma última vez teus olhos azuis-gelo. De fecharem o caixão. De gemer até não poder mais. De me separarem de ti. Lembro-me de proferir algumas coisas "clichês", porém sinceras. De te carregar até tua cova. De observar as pessoas cobrindo-te. De jogar uma última rosa vermelha. De despedir-me de ti. 
   Lembro-me de amar-te. 

Tentei fazer alguma coisa diferente, até porque estou com bloqueio criativo, não me julguem. E depois que estou em outro computador, onde não tem nada. Eu sei, eu sei, ficou uma porcaria melosa e eu decepcionei vocês, me desculpem,

23 de abril de 2015, quinta-feira

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Outro:  eu odeio seu blog, sua noujenta!!! Isso é sério? Quantos anos vocês tem, queridos? Tudo bem, tudo bem. Não entendem? Vamos começar do começo. Lembram daquele questionário que eu fiz com vocês? (Clique aqui para responder, se não fizeram). Eu recebi muuuuuuitas respostas (mais do quê os seguidores) e pouquíssimos comentários. Eu fiz aquela pesquisa para ouvir vocês e, assim, melhorar. E vieram muitas respostas ridículas
Você gosta do blog? 
Outro: eu odeio seu blog, sua noujenta!!!
Outro: seu blog é uma bosta.
Outro: até meu cachorro faz um blog melhor que o seu
Outro: se eu fosse você nunca entraria na blogosfera

Eu gosto de você?
Nem um pouco, eu odeio você, sua noujenta!!! E você é uma bosta. Até meu cachorro faz um filho melhor do que você (e olha que eu nem tenho um cachorro). Se eu fosse você eu nunca sairia da barriga da sua mãe.

Okay, okay, sinto que extravasei um pouco. Se eu aceito críticas? As construtivas, não as ridículas tipo você. Por que eu estou escrevendo isso? Porque eu sei que você, Sr. Ridículo, irá voltar. Isso é que eu não entendo. Se não gosta, porque continuar vindo aqui várias vezes e enviando diversos formulários? Se não gosta, querido, saia. Cresca e apareça.

Outra coisa: vi diversos formulários dizendo que deveria falar sobre outra coisa além "da minha vida". Eu gostei sim, das suas críticas, mas por favor, se informem antes. No menu, há o "sobre", e, se clicarem, irão ver que esse blog surgiu como diário, então, nada mais natural do quê escrever sobre minha vida, certo? Eu entendi a boa intenção de vocês, mas é que não dá para mudar.

Também vi que a maioria de vocês odeia o layout, por isso eu troquei. Tenho outros blogs, mas, como este surgiu como blog secundário, eu fiz um lay bestinha. Só que deu uma preguiça de fazer algo mais sério e aí eu acabei com o do Bunny Crazy.

Muito obrigada pela atenção, 
Alice ♥

22 de abril de 2015, quarta-feira

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Olá fofinhos <3 Esse é um post diferente, o título "padronizado" continua, mas hoje não textinho clichê. (Seria uma ironia fazer posts contra a padronização tendo imagens e títulos padronizados?!)
Enfim, a tia ou a sobrinha? quer saber de vocês umas coisinhas, então façam o favor e me respondam tudinho <3



Beijos ♥

21 de abril de 2015, terça-feira

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Já dizia o renomadíssimo, porém secundário filósofo Heráclito: "um homem não se banha duas vezes no mesmo rio". Assim mesmo, amanhã você acordará sem ser você. Talvez um voc ou um voocê. Quem sabe um vooc? Você irá acordar com novas ideias, novas inspirações. 
Não é bom ficar na mesmice. O bom mesmo é chocar as pessoas. Chega de dar ao mundo as mesmas pessoas, nós queremos uma nação diferente. Nós queremos uma nação de pessoas dispostas a quebrar as barreiras, os tabus. Nós queremos você. Ou vooc. Tanto faz. 
O que eu quero focar hoje é: mude. Chega de padrões. Seja diferente, seja você. Vá com tênis trocados, escolha outro sabor de sorvete, use pijama para ir ao shopping. Mude. Reivente-se!

Curto, but gold. Vou criar uma tag para textos u3u

19 de abril de 2015, domingo

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Querido diário 
Eu fico pensando como eu vou ser no futuro. Tomara que eu nao seja como aquelas meninas chatas do colegio. Elas são alorpadas que nem dis a isabela. Porque elas disem que sou estranha e ficam me chamando de coisas doidas lá. A isabela não liga, ela dis que elas sao todas malucas e alorpadas. A mamãe fala pra eu nao me preucupar com a Jessica e aquelas meninas, ela dis que gosta que seja diferente, por que é legal!!! E ela fala que as meninas sao idiotas e que se falarem coisas comigo é pra eu por um sapo no cabelo delas!!! e eu vou fazer isso mesmo!!!
Crecer deve ser tao legal. Eu vou saber muito mais das coisas e vou poder mandar na Leticia, a minha irmazinha! Quando eu tiver maior eu vou poder sair de casa sozinha com os meus amigos. Mais tomara que nao seja amigas chatas tipo a Jessica, ela é super chata!!! Quando eu for maior eu vou ter mais coisas, vai ser tao legal! Imagina so eu dirigindo um carro!!! 
Ai, depois que eu virar adolecente eu vou virar aduta obivio... Então eu vou encontrar o amor da minha vida que nem nos filmes e vou me cazar. Depois eu vou ter filhos e ser muito feliz!!! 
Eu espero que nao demore muito para eu crecer. Vai ser tao legal!!!
Beijos,
Alice
Bem no fundo do porão, há um caderno. Com duas meninas dançando e detalhes em alto-relevo. Datado em 2009. Em um tal de 19 de abril do mesmo ano, há escrito esse pequeno texto. Nem sempre lembrar do passado é bom, mas o passado é o que somos. O diário mostra que eu não era tão boa escritora como agora. Também mostra que era "diferente" desde pequena. Daqui há alguns anos eu talvez nem lembre deste texto, deste blog. Talvez eu nem esteja viva amanhã. E por que não deixar minha marca no passado? 

Por hoje é só. Eu estou com um bloqueio criativo horrível!

18 de abril de 2015, sábado

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"Alice, o que você achou de valioso na lama hoje?" 
"Olha aqui, mãe!" 
Esse era o "nosso" bordão há um tempo atrás. Atrás da minha casa, tem um terreno nosso. E eu adorava mexer horas e horas na lama de lá.  Logo depois, eu me levantava, toda suja e enlameada, com as unhas podres e a jardineira verde, marrom. Entrava em casa com os valiosos tesouros perdidos naquela lama. Uma vez, foi uma tomada. Outras, clipes de papel enferrujados. Às vezes, achava cabos abertos com os fios expostos. Umas duas vezes, encontrei panos podres. Em todos os dias, encontrava pedras. Teve até um dia em que encontrei um chinelo (três meses depois, achei o outro). Bem, nem eram tão valiosos assim. Afinal. o que eu ganhei com isso? Muito mais do que uma caixa com objetos limpos pela metade - que guardo até hoje. Eu ganhei lembranças, momentos e liberdade. Talvez seja por isso que eu virei uma rebelde sem causa aparente.
Embora já expliquei que minha mãe é muito rígida, ela sempre foi liberal. Um pouco menos que eu, mas foi. Ela não me impedia de jogar futebol "por ser menina". Nunca tentou me forçar colocando-me no ballet, como muitas amigas dela aconselhavam. Nunca me mandou amarrar o cabelo nem me chamou de dama. Minha mãe nunca me disse para parar de correr, ou ia me machucar. Pelo contrário, ela me incentivava.
Fui criada com um toque de diferença de minhas coleguinhas na escola. Nunca vi graça em fazer ginástica rítmica nem de ficar beijando pôsteres de atores famosos - que, por sinal, eu nem sabia o nome. Preferia mesmo catar insetinhos e sapos no parquinho da escola. "Eca, Alice, deixa de ser nojenta". Eu ouvia isso o tempo todo da Jéssica. Mas não conseguia ligar. Hoje entendo que Jéssica foi criada numa caixa, com um tipo de pensamento limitado. Já aqui, com minha família, é bem diferente. Eu nasci livre, fora da caixa que é a sociedade.
Eu cresci - e cresço - numa casa onde é permitido sonhar alto. Numa casa onde ser estranho é privilégio. Numa casa com imensa liberdade. Numa casa estranhamente feliz. Numa casa livre

17 de abril de 2015, sexta-feira

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Imaginem-se numa sala de aula com três moleques pondo a mão no saco (não, eles não estavam fazendo outra coisa... Apenas pondo a mão no saco e colocando na cara de quem passasse...), um bando de meninas em uma guerra sem fim, um casalzinho no canto se pegando, três ou quatro prestando atenção e outros voando na mente. Um pouco mais no meio, estou eu. Sentada, fazendo o trabalho de Filosofia. Nós temos que formar uma teoria sobre os padrões formados pela sociedade e blábláblá...
80% fará ou fez sobre os padrões arianos e outros 19,9%, sobre a anorexia - o que eu achei meio nada a ver com o assunto. Os outros 0,1% não incluídos na conta são pessoas como eu. Talvez com você também. Resolvi fazer uma coisa mais polêmica, já que eu prezo originalidade mais do quê tudo. Então... Por que não a heterossexualidade imposta pela sociedade? É, é, eu sou hétera sim.  Não vai ficar tãaaao bem explicado, mas espero que o psicológico de vocês entendam. Não vou postar aqui porque é muito grande, mas eu quis dizer algo assim: por que levamos um choque quando descobrimos que alguém é gay? Se os homossexuais vieram da pré-história, por quê não levamos isso como algo normal? E por que não sentimos atração por pessoas do mesmo sexo? A resposta é simples: doutrinação dos pais e da sociedade. Se deixarmos uma criança conhecer o amor, mas não conhecer essa coisa de menino gosta de menina e menina gosta de menino, ela que vai decidir do quê gosta! É a mesma coisa da "diferenciação": menino gosta de azul. Menina gosta de rosa. Menino joga bola. Menina brinca de boneca. Menino vira homem. Homem trabalha para sustentar a família. Menina vira mulher. Mulher trabalha na cozinha. O fato de eu jogar bola faz crescer algo entre minhas pernas? O fato de eu saber mais de mecânica do quê cozinhar tira a minha pepeca? As pessoas fazem parecer que há uma barreira enorme entre homem e mulher. Mas não há. É apenas o nome, mesmo. 

16 de abril de 2015, quinta-feira

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Eu já disse que vocês são fodas? Não? Ah, tá. VOCÊS SÃO FODAS! Vocês sabem como animar a tarde de quinta-feira de uma menina com problemas familiares <3
Já que isso aqui é meu diário, eu posso explicar para vocês e não dar um "problemas pessoais", para acabar a conversa. As coisas nunca foram muito normais aqui. Somos seis: três mulheres, três homens. Meu pai é daqueles caras super religiosos que ama tocar violão mais que tudo. Minha mãe é a típica moça "pobre" que teve uma guinada - nem tão guinada - após se casar com meu pai. Na primeira gravidez, nasceu um carinha bem louco, porém normal. Aí as coisas "complicaram" na segunda. Nasceu a rebelde, vulga Alice. A tímida com um "universo interior" para contar para o mundo. Na terceira, outra piveta. Só que dessa vez, uma extrovertidíssima que acha que tem poder sobre tudo. Até sobre mim. Na mais recente, um menino, para empatar. Até agora não conseguimos identificar sua pessoa interior. 
Sobre o problema familiar: começa com m de mãe, é, é, tá bom, eu amo minha e mãe e tal, mas tem vezes que não suporto ela. Primeiro: ela é muito exigente. Ela simplesmente acha que devemos ser perfeitos. Eu sei que todas as mães querem isso, mas a minha extrapola o limite. Por exemplo: oito para ela é nota baixa. Um nove ela não gosta. Segundo: parem de dizer que esse negócio de preferência de filho não existe, que existe sim! Minha irmã chegou com um sete e então... Ela simplesmente aceitou calada! (Nota: a minha irmã está no 3º ano do Fundamental!). Aí eu levei meu 8.5 de Geografia e minha mãe simplesmente gritou um monte de bostas contra mim! Terceiro: filhos são objetos que não têm direito à um advogado. É. Se argumentar, reclamar ou qualquer coisa ela desce a chinela no teu rabo, amiga. 
Nossa relação não anda muito bem por causa disso. Eu simplesmente estou a ponto de surtar. 

Sobre o Felipe, que metade de vocês devem estar curiosas: nada além do normal. Ele é um idiota e ponto final. (rimou!)

Meus dedos não aguentam mais escrever nada. Estão inchados por causa do violino. 
O post de hoje foi uma bosta, eu sei. Mas estava cansada de falar só de Felipe. Minha vida não é só ele, né? 

É. Sem frase de efeito hoje. 

15 de abril de 2015, quarta-feira

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"Eu não gosto de você, cara. Você é estranha pra caralho" - Felipe. Doeu? O caralho que doeu! Me deu forças para tacar o foda-se na cara dele e dizer algumas verdades. Ele disse que não sabe se eu gosto dele ou não. Com todo o meu coração, eu quero que ele se foda bonitinho. Ainda espero que ele quebre os dentes dele, aí não vou me derreter por aquele sorriso. E eu realmente estou pouco me fudendo para o que ele diz de mim e para mim. Acho um vagabundo que não faz nada além de assisti pornô. E foda-se tudo! \o/
Eu tenho muito o que viver, e, além do mais, não paguei 50 reais num rímel para ele sair por causa de homem idiota!

Na verdade, o Felipe é o idiota mais perfeito que existe. Ele é do tipo "fofo-romântico-legal-super-divertido" com quem gosta, que, no caso, não sou eu. 

A epifania de hoje é: eu amo o idiota do Felipe e quero que ele se foda.

14 de abril de 2015, terça-feira

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As pessoas esperam que seja uma dama. Elas esperam que seja normal. Definitivamente não é o que sou. Nem o que serei. Eu sou estranha ao extremo. Eu não me importo de ter os padrões arianos, nem invejo quem os tem. Serei Alice, enquanto for, sem ligar para as pessoas. Serei apenas eu. Estou pouco me fudendo para o que falam de mim, seja bem ou seja mal. Todos querem que eu  seja uma santa, todos querem me desumanizar, todos querem a minha perfeição
Entretanto, prefiro viver no meu mundo. O mundo de Alice, o país das maravilhas. Eu prefiro ser assim, livre de preconceitos e cheia de erros do que diferenciar. Somos humanos. Alguns, mais alienígenas do quê humanos, como eu.
Mas ainda somos humanos.

13 de abril de 2015, segunda-feira

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Escrever aqui é muito bom. São pessoas totalmente desconhecidas, mas que eu confio! Estranho, não é? Eu seria capaz de beijar um de vocês na rua, sem saber quem é!

Hoje, recebi a prova de Ciências. Não gostei da nota. Sete.

Por obra divina o Felipe resolveu não ir para a escola. Teve ensaio e eu fiquei até mais tarde, com os dedos doendo de tanto tocar violino.

Meu colégio fez 111 anos. Aí, claro que eles iam fazer uma comemoração para deixar seus alunos aglomerados e suados na quadra, com uma claustrofobia do demônio. Fiquei lá me espremendo durante 1h40...

Estava meditando agora pouco.

É. Hoje, só isso.

12 de abril de 2015, domingo

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Eu sou invísivel. Eu vago pelos corredores como um fantasma esquelético. Ninguém me olha. As pessoas tem seus parceiros, mas eu sou um fantasma. Eu só queria saber porque as pessoas tem toda essa fobia comigo. Sim, tenho vários amigos por ser a maluca, mas todos tem seus "admiradores" e eu sou olhada de lado, feito um pedaço de bosta. Eu tenho orgulho de ser estranha e não quero mudar. As pessoas devem gostar de mim como sou. Se eu mudar, elas gostarão de mim, mas eu não, porque eu não serei eu.  É que eu odeio de detestar de enojar quem me olha dos pés a cabeça e empina o nariz como se fosse melhor. Aí cagam pela boca dizendo merdas e mais merdas de mim e blábláblá.
Okay, nem eu entendi o que escrevi, mas deixa quieto. 

11 de abril de 2015, sábado.

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Não basta acordar seis horas da manhã no sábado, tem que ser por causa de prova! Pior ainda: três.
Cheguei atrasada, mas as provas foram todas fáceis e terminei bem rápido.

Quando saí, sentei com minhas amigas e comecei a conversar. Bem, eu amo conversar! Estava tudo ótimo, até ele chegar. 
   -- E aí meninas, posso sentar aqui?
Minha vontade era de dizer um não bem grande na cara dele, mas, me controlei. Ficamos em dois extremos. Eu quase não o ouvia e vice-versa. Felipe fica só me encarando, não se de raiva, não se de amor ou de nada. Só sei que não gosto do olhar dele, me congelando. Conversa vai, conversa vem, ele começa a dizer que é muito feio. E é mesmo, cabeça de ovo, penso. O fato é que eu amo o idiota do Felipe, mas ele é um fudendo idiota. Eu não consigo odiá-lo e, toda vez que ele fala comigo, é uma metralhadora de sentimentos. A idiota aqui fica olhando-o e babando. Como eu o amo. Amo a cara amassada dele, o cabelo encaracalado, o corpo feito vareta com um projeto de tanquinho, amo até a parte que odeio!

Nós nem nos falamos muito, mas, quando ele foi embora, eu fiquei triste

Chegando em casa, corri para falar com ele no Whatsapp, mas desisti. Sei quando não sou querida. Toda vez que falo um "oi" ele me ignora como se fosse um monte de bosta.

Mesmo eu sendo a menina mais extrovertida e maluca daquele colégio, ele não fala comigo. Um bom-dia? Nem pensar! Felipe passa por mim com nariz empinado rebolando aquele traseiro de merda (eu sou tão delicada!). Eu tento me aproximar dele de todas as formas, mas não consigo! Temos mil e uma coisas em comum, mas ele sempre acaba com eles rapidinho, da forma mais rude e grossa possível. Aí eu digo tchau e me viro, para ele não ver que estou corada. 

Então eu toquei um pouco de violino. Faço isso para me divertir, mas sempre acabo com os dedos latejando. 

Sentei em frente ao PC, com fones topados e resolvi criar essa coisinha linda, que, agora, será parte da minha vida.