11 de junho de 2015, quinta-feira

|| ||

Tem momentos da vida que não pensamos. Na verdade, pensamos sim, só que por uma fração de segundo. E nem sempre é a coisa certa a fazer. Digamos que 90% das vezes. O que eu fiz está nos 10% não inclusos. Okay, vamos voltar um pouco no tempo. 
2 de junho de 2015, terça-feira.
Eu estava voltando da aula de robótica tranquilamente, quando ouvi algumas coisas perto do bebedor. Eu resolvi fuçar - é da natureza feminina ser curiosa. Chegando mais perto, ouvi:
-- Me larga, Paulo! -- era Letícia, uma das minhas melhores amigas. Ela não me viu, nem o menino. Não sei se por sorte ou azar. Ela estava encostada na parede, enquanto ele ficava na sua frente, meio que a agarrando. Letícia tentava se desvencilhar, mas o guri é muito forte. 
-- Por favor, Letícia, por favor! -- ela meio que sussurrava.
-- Não! Não entendeu, não?! Eu não quero. -- ênfase no não. -- E você sabe porque! Você teve sua chance, quero mais que você se foda!
Nessa hora, lembro de ver a expressão de Paulo mudar rapidamente.
-- Tanto faz. -- ele falou, amargo. -- Mas eu ainda vou ver você comendo na minha mão.
-- Não, Paulo, nunca verá. -- o tom era raivoso.
-- Você será minha de qualquer jeito! -- sim, ele sussurrou, mas percebi uma certa exclamação na fala dele.
Nessa hora Paulo apertou a bunda dela com força e tentou fazer coisas. Letícia empurrou ele com toda força que tinha e esbravejou:
-- QUE NOJENTO, PORRA! POR ISSO, TÁ VENDO? EU TE ODEIO! MORRA, PAULO! 
-- Calma, calma, que nem começamos! -- ele riu. A mão dele estava entrando na camisa dela. 
Mas eu, como salvadora da pátria, intervir:
-- QUE PORRA É ESSA?! -- gritei, tentando não fazer barulho.
Paulo se virou pra mim com rapidez e fez uma expressão indiferente. 
-- Alice! -- estava sorrindo maliciosamente -- Chegou na hora, hein?
-- Não me toque, seu nojento! -- falei, ríspida. 
-- Ah, Alice, você sempre me interessou, sabia? -- Paulo ia se aproximava e eu não conseguia pensar no que faria. 
-- Não se aproxime. Nenhum. Um. Passo. -- foi tudo que conseguir falar. 
Paulo me olhou com desdém e deu uma risada forçada. Pode parecer clichê, ou cena de filme, mas aconteceu. Ele andou e encostou aqueles dedos nojentos na minha. bunda. Eu só consegui pensar em uma coisa: você é um homem morto. Agarrei ele pela camisa e derrubei-o. Quando ele caiu, me sentei por cima dele e comecei a socá-lo dizendo qcoisa que nem lembro mais.  Só sei que bati nele com tanta força, que fiz o nariz dele sangrar. "Mas ele só pegou na sua bunda, Alice!". Só na minha?! SÓ NA MINHA? Vocês querem a lista cronólogica ou alfabética com quem ele fez isso? Quando ele fez isso comigo, foi a gota d'água. 
Aí o monitor chegou e afastou a gente -- mas isso só depois daquele circulozinho ter se formado. Resultado: coordenação. Eu expliquei tudo ao coordenador calmamente. (Sim, sem ironia, não perdi a cabeça, diferente do Paulo). Então, no finalzinho da conversa foi mais ou menos:
-- Olha, Alice, como você é uma menina boa, inteligente e presidente da classe ou não vou te dar uma punição tão grande. -- concordei com a cabeça, entre uma piscada e outra. -- Mas quero que ao menos se desculpe com Paulo, aí eu posso até tirar sua punição.
Ele fez um gesto mandando eu fazer isso. Me virei e encarei o Paulo. Estava com uma cara horrível e tinha um hematoma gigante no rosto, provavelmente provocado por mim. (Sem contar o nariz). 
-- Não. -- falei. 
-- Ahn? -- o coordenador não entendeu.
-- Não vou pedir desculpas. -- respondi, num tom de desafio.
-- Ah, vamos lá. Não seja orgulhosa, Alice. Eu sei que você não é! -- o homem sorriu.
-- É, não seja orgulhosa, Alice. -- sorriu Paulo, me desafiando.
-- Não. -- falei, irritada. -- Não sou orgulhosa, mas meus pais também ensinaram a não mentir.
O coordenador suspirou.
-- Sinto que fiz algo que manchou minha imagem, mas não estou arrependida. Justiça com as próprias mãos é errado, eu sei, mas o Paulo teve o que merecia. Minha consciência não está pesada e prefiro que seja assim mesmo. Me puna, Fulano, pode me punir. -- disse isso na maior frieza possível, que deixou os dois boquiabertos.
-- Olha, Alice...
-- Não, fulano, é isso mesmo.
O homem suspirou e ditou nossas sentenças:
-- Sendo assim, Alice, você ficará de suspensão, mas não agora. Considerando seu ótimo histórico, te salvarei um pouco. Você fará o simulado, mas na próxima semana, ficará em casa. E na semana de provas virá apenas para fazer a prova. Vai assistir o resto das aulas normalmente hoje. -- ele se virou para Paulo. -- E você, Paulo, fique longe deste colégio durante as próximas duas semanas. Junte suas coisas e vou ligar para sua mãe, para ir pra casa. Com simulado, mas sem provas. 
Quando saímos, Paulo olhou para mim e falou:
-- Eu te amaria por sua coragem, mas lembro que foi comigo. 
-- Paulo, já disse que te odeio? -- respondi, indiferente. 
Quando chegamos, o professor de Matemática me encarou. Na verdade, todo mundo me encarou. Eu assisti a aula normalmente, mas não conseguia tirar aqueles momentos com o Paulo. (Okay, essa frase ficou super estranha, mas...). Ele foi embora sem dizer um piu.
Aí o sinal tocou. Uma revoada de alunos cercaram-se em frente à mim. A maioria meio que me idolatrava -- sem querer me gabar. Letícia foi a que mais me agradeceu e me "amou". Quando pus o pé para fora da sala, parecia ser uma celebridade. Uns papparazzis doidos para me "entrevistar", Resultado? Minha fama de nerd fofa "descolada" mudou de repente para nerd-descolada-menina-que-bateu-no-menino-mais-forte-do-oitavo-ano-muito-durona
Quando cheguei em casa, minha mãe e meu pai já sabiam e adivinhem!!! Mandaram o Paulo se foder. Ou seja: também me idolatraram. Fui super bem no simulado e blábláblá.
Esse post foi um pouco grande, me desculpem e também me desculpem por nunca mais ter postado. 

3 comentários:

  1. Beem feito pra esse Filha da ....
    Eu teria feito o mesmo , esfregaria a cara dele no chão até a cara dele pegar a cor do piso .
    Beijos
    Miih - blankinplace.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Olá! Eu vi que você comentou há um tempinho no meu blog, e queria pedir desculpas pela ausência :<
    No entanto, estou aqui vindo retribuir e gostei muito do seus textos. Esse em particular eu me identifiquei um pouco, pois já fiz "justiça com as próprias mãos". A gente sabe que em alguns casos é errado, mas sinceramente para um ser desses não teria nenhum peso na consciência. Hehehe ~

    Beijos ~
    Monica.

    ResponderExcluir
  3. ahhaha merecido! Ele que devia se desculpar, isso é assedio, como assim o cara mandou VOCÊ pedir desculpas? Absurdo!

    ResponderExcluir